O Memorial do Holocausto e da Imigração Judaica, em São Paulo, foi palco, nesta quarta-feira (23), de uma cerimônia comovente e marcante: o Ato de Yom Hashoá. Realizado pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), em parceria com o Memorial do Holocausto, a Agência Judaica e o Conselho Juvenil Sionista, o evento reuniu centenas de pessoas, entre elas uma expressiva presença de jovens dos movimentos juvenis, lideranças comunitárias e muitos sobreviventes do Holocausto, acompanhados por filhos, netos e bisnetos.

O ponto alto da solenidade foi o depoimento do sobrevivente George Legman, que comoveu a todos ao relatar sua história de vida. Nascido no campo de concentração de Dachau, em 1944, George é um dos poucos bebês judeus que sobreviveram após terem nascido em campos nazistas. Seu testemunho, dado com emoção e coragem, fez ecoar a força da resiliência judaica: “Sou prova viva de que a vida pode florescer mesmo em meio ao horror mais absoluto. Estou aqui porque alguém acreditou que um bebê podia sobreviver – e isso me deu o dever de contar essa história.”

O evento foi aberto com discursos institucionais que ressaltaram a importância da memória e do engajamento juvenil. Marcos Knobel, presidente da Fisesp, fez uma fala impactante sobre o atual cenário de crescimento do antissemitismo no mundo e a importância de manter viva a chama da lembrança:

“Em um momento tão desafiador para o povo judeu e para todos aqueles que lutam contra o antissemitismo, este ato se torna ainda mais essencial. Manter a chama da memória acesa é um dever coletivo e um compromisso com um futuro sem ódio e intolerância. Hoje estamos aqui para ouvir os sobreviventes e sua mensagem de resiliência, de que o nunca mais não é uma promessa abstrata, o nunca mais é agora.”

A cerimônia teve ainda a participação de Sarita Saruê, Coordenadora Educacional do Memorial do Holocausto, e de Toive Weitman, seu diretor, além do cônsul de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, e de representantes do Conselho Juvenil Sionista, Movimentos Juvenis e da Agência Judaica.

O ato teve também forte dimensão simbólica e artística. O cantor Ariel Mermelstein entoou o Hino dos Partisans e a reza El Male Rahamim, acompanhado por Jonas Magalhães ao teclado. Jovens dos movimentos juvenis fizeram a leitura de um poema em homenagem às vítimas do Holocausto.

O encerramento foi marcado por um momento de intensa emoção: seis velas foram acesas em memória dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas, num ritual conduzido por sobreviventes, acompanhados por jovens. A cena simbolizou a agem do legado da memória às novas gerações.

O Ato de Yom Hashoá reafirmou o compromisso da comunidade judaica paulista com a preservação da memória do Holocausto e a luta contra o ódio e a intolerância. Em um tempo de crescentes ameaças, a união entre as gerações mostrou que a lembrança é, acima de tudo, um ato de resistência.