A Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (16) no Salão Nobre da Casa, cerimônia solene pelo Dia Nacional da Lembrança do Holocausto. A iniciativa, do presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Israel, Gilberto Abramo, reuniu representantes diplomáticos e lideranças políticas e da comunidade judaica, entre eles a secretária geral da CONIB, Célia Parnes,  o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, e o republicano Marcelo Crivella (RJ).

Celia Parnes agradeceu ao deputado Gilberto Abramo pela iniciativa e destacou a importante atuação do diplomata brasileiro Luiz Martins de Souza Dantas para salvar centenas de pessoas, a maioria judeus, perseguidas pelos nazistas durante a Segunda Guerra. A data de 16 de Abril foi instituída no ano ado em homenagem ao diplomata brasileiro Luiz Martins de Souza Dantas (1876-1954). Ele foi embaixador do Brasil na França durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse período, contrariando a política do governo brasileiro da época, liderado por Getúlio Vargas, e desafiando o regime nazista, Souza Dantas concedeu vistos e salvou centenas de pessoas ameaçadas pelos nazistas, principalmente judeus. Por isso, é reconhecido como "Justo entre as Nações", título atribuído pelo Memorial do Holocausto (Yad Vashem), em Israel.

Celia Parnes lembrou outras datas em homenagem às vítimas do Holocausto, como o 27 de janeiro - Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto -, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005 para lembrar a libertação do campo de concentração de Auschwitz pelas tropas soviéticas.

“A resolução que instituiu o Dia Mundial em Memória das Vítimas do Holocausto traz a lembrança dos crimes ados com o objetivo de preveni-los no futuro. O objetivo é destacar a dimensão universal do Holocausto e incentivar a educação sobre a tragédia para que futuras gerações rejeitem firmemente todas as formas de racismo, violência e antissemitismo. Espera-se que, com a implementação do Projeto de Ensino do Holocausto na educação básica e a adesão à definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), as novas gerações possam obter o conhecimento necessário para evitar que novas tragédias como o Holocausto NUNCA MAIS aconteçam e que todos possam viver em sociedades livres do preconceito e da intolerância”, destacou Celia Parnes.

Ela lembrou ainda que mais de 40 países já aderiram à definição de antissemitismo da IHRA, entre eles Estados Unidos, Canadá, Argentina, Uruguai, Panamá, Colômbia e Guatemala. “No Brasil, já aprovaram o Termo de Adesão os estados do Rio Grande Sul, Mato Grosso, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Roraima, Rondônia, Amazonas e Santa Catarina, além do Distrito Federal e de algumas capitais”.

O Brasil, como membro observador da IHRA, participa deste movimento global, que visa fortalecer a luta contra a discriminação e promover a paz e a tolerância em nível internacional.

O diplomata Souza Dantas não foi o único brasileiro reconhecido como "Justo entre as Nações". Aracy de Carvalho, companheira de Guimarães Rosa, que ajudou pessoas perseguidas pelo nazismo no Consulado-Geral do Brasil em Hamburgo, também recebeu o título do Memorial do Holocausto. Contudo, a homenagem a Souza Dantas destaca-se por sua ação mais ampla e decisiva.