29.01.25 | Mundo 362m44

Especialista alerta para os riscos da ascensão de ideologias extremistas 255li

Henk De Berg, professor da Universidade de Sheffield (Reino Unido), lembra que o nazismo construiu o Holocausto aos poucos e adverte que o enfraquecimento da democracia de um país transforma a sociedade, criando um terreno fértil para a propagação do discurso de ódio e do antissemitismo.

Em matéria no Correio Braziliense, Henk de Berg afirma: "Elas (as ideologias extremistas) não são exterminadoras, como o nacional-socialismo de Adolf Hitler era. Mas seu terreno fértil não é diferente. Exploram a divisão social, a privação econômica, a confiança nacional abalada, a ansiedade masculina e a perda de fé no sistema político tradicional e nas instituições sociais”. "As respostas que elas dão envolvem, novamente, xenofobia, bode expiatório, teorias da conspiração, crença no poder redentor de um líder e, com muita frequência, um culto à violência. Vários países europeus foram vítimas desse tipo de pensamento. Na Alemanha, o partido populista de direita Alternative für Deutschland está atualmente em segundo lugar nas pesquisas. Nos Estados Unidos, o governo de Donald Trump parece pronto para se tornar muito mais extremo do que seu primeiro governo".

Para De Berg, há algo assustador que o Holocausto ensina: quando se enfraquece a estrutura democrática de um país, a atmosfera social tende a mudar também. "Coisas que no ado ninguém diria ou faria se tornam aceitáveis. A violência verbal se torna violência real, e até mesmo pessoas decentes começam a fazer vista grossa. Quando isso acontece, a barbárie está logo ali na esquina", advertiu. De Berg não acha plausível que as ideologias extremistas resultem em campos de extermínio. "Até mesmo o surgimento de uma nova gama de democracias iliberais parece improvável. Mas, podemos realmente ter certeza? O caminho para o Holocausto não foi rápido ou reto. Houve uma preparação de anos antes que os campos de extermínio fossem construídos", comentou. 

Ele considera o Holocausto como o maior crime na história da humanidade. "Não foi cometido pelo tipo de sádicos de filmes tipo B de Hollywood — oficiais da SS com cicatrizes no rosto torturando cruelmente suas vítimas enquanto gritavam 'Temos maneiras de fazer você cooperar!'. O assassinato em massa dos judeus dependia de um sistema muito maior e altamente organizado de coleta de informações, comunicação, transporte e 'engenhosidade' industrial, bem como da maquinaria de matar dos campos de extermínio", lembrou. "Hitler e outros nazistas famosos deram as ordens, mas a maioria de seus capangas eram burocratas sem rosto e trabalhadores comuns. O sistema também exigia que os alemães que não estavam envolvidos nele não quisessem saber — desviassem o olhar e reprimissem o que tinham visto”.

Segundo De Berg, durante anos, os judeus foram sistematicamente discriminados, privados de seus direitos e maltratados. "Os nazistas amordaçaram a imprensa e cooptaram o judiciário. No entanto, aos olhos de muitos alemães na época, as coisas não pareciam tão ruins, e poucos protestaram", disse. 


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