27.01.25 | Mundo 2y5x6n

“Oitenta anos depois” 3s183e

Em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo desta segunda-feira (27), o presidente do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), Jack Terpins, destaca que Auschwitz se tornou um símbolo da luta contra o antissemitismo e da importância da preservação da memória histórica. Segue o texto:

Em 27 de janeiro de 1945, um sábado à tarde, o Campo de Extermínio de Auschwitz era libertado pelo Exército Vermelho. No local, os soldados se depararam com uma cena inimaginável: pilhas de corpos, sobreviventes em estado crítico e uma infraestrutura que revelava a brutalidade do regime nazista. A realidade do que havia acontecido ali chocou o mundo e trouxe à tona a magnitude do Holocausto.

O dia da libertação, que agora completa 80 anos, não apenas marcou o fim do sofrimento para muitos prisioneiros, mas também iniciou um processo de lembrança e reflexão sobre os horrores do genocídio. Em 2005, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, para homenagear todos que perderam suas vidas nessa fase da História. Também centenas de filmes, livros e fotos documentaram o período, produzidos por sobreviventes ou autores sensíveis ao tema. Governos criaram memoriais para jamais esquecer o período mais sombrio dos tempos modernos. O próprio campo é um exemplo marcante dessa famigerada lembrança.

Quando estive em 2013, com um grupo de jornalistas latino-americanos, em uma viagem promovida pelo Congresso Judaico Latino-Americano, entidade que presido, meus olhos não podiam acreditar no que viam. Quase 500 hectares de dor e sofrimento. Mesmo que parte do complexo tenha sido destruída pelos membros do Reich, como forma de apagar evidências quando da proximidade dos soviéticos, ainda é possível visitar os galpões, ver as fossas para as necessidades primárias dos prisioneiros, estrados de madeira em que dormiam, câmaras de gás e crematórios, objetos usurpados das vítimas e pavilhões com preitos de países em memória a seus cidadãos que perderam suas vidas lá.

Faço questão de contar o que vi, mesmo não sendo um sobrevivente, e sim alguém que quis visitar esse solo quase que sagrado onde muitos aram mas não conseguiram sair com vida.

Primo Levi, um químico italiano de Turim, foi capturado pelos nazistas e, graças à sua formação, sobreviveu ao regime. Tornou-se uma das vozes mais importantes sobre o Holocausto, destacando-se por sua clareza narrativa e profunda análise moral. Sua obra É Isto um Homem?, publicada em 1947, traz um testemunho muito pessoal de sua experiência em Auschwitz, abordando a desumanização, a luta pela sobrevivência e as questões éticas vividas no campo. Já em Os Afogados e os Sobreviventes, Levi analisa e reflete sobre a memória do Holocausto e o impacto nos sobreviventes.

Auschwitz, o maior campo construído pelos nazistas, onde 1,1 milhão de pessoas, a maioria judeus, foram mortas com requintes de crueldade, entre 1940 a 1945, se tornou um símbolo da luta contra o antissemitismo e da importância da preservação da memória histórica, um meio para garantir que as atrocidades cometidas não sejam esquecidas e para promover a paz e a compreensão entre os povos.

Que esses 80 anos não remontem a uma lembrança do ado, mas sejam um chamado à ação para que a humanidade nunca mais permita que tais atrocidades se repitam.


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