Jean-Marie Le Pen, figura histórica da ultradireita da França, morreu aos 96 anos nesta terça-feira (7). A informação foi confirmada pelos familiares do político à agência de notícias AFP.

Considerado o patriarca de uma força conservadora que só cresce no país europeu, Le Pen foi o fundador do partido Frente Nacional —rebatizado de Reunião Nacional por sua filha, Marine Le Pen.

A herdeira do ultradireitista é, aliás, considerada a responsável pela chegada da sigla à órbita do poder. A expulsão de seu pai, condenado diversas vezes por declarações antissemitas, racistas e xenófobas na Justiça, da legenda fez parte de uma espécie de rebranding que suavizou a imagem do partido e ajudou a projetá-lo nos últimos anos.

Pai e filha compartilhavam de um mesmo objetivo, no entanto: a Presidência sa. Jean-Marie concorreu cinco vezes ao Eliseu, sendo a última delas em 2007, quando terminou em quarto lugar, em uma demonstração da diminuição de sua influência.

A eleição em que ele chegou mais perto do poder foi a de 2002. Naquele ano, ele surpreendeu ao desbancar o socialista Lionel Jospin e avançar para o segundo turno contra Jacques Chirac. Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas do país protestar contra a candidatura do ultradireitista.

Ele acabou perdendo para Chirac por uma grande margem, no entanto, obtendo apenas cerca de 18% dos votos, contra 82% do presidente reeleito.

Ao longo das décadas, sua plataforma política mudou um pouco, mas sua retórica provocativa, utilizada para chamar a atenção e polarizar a opinião pública, sempre se manteve.

Suas declarações frequentemente causavam rebuliço dentro do país. Negacionista do Holocausto, chegou a dizer que as câmaras de gás nazistas eram "um detalhe" da Segunda Guerra Mundial; sugeriu que o vírus ebola era uma solução para controlar o aumento da população global; e afirmou que ambientalistas eram comunistas disfarçados.

Fonte: Folha Online