03.01.25 | Mundo 6857n

"Por que tanta confiança nos dados do Hamas?" 4z4u19

Em artigo para o jornal 'O Globo', no dia 26/12/24, o gerente de conteúdo da StandWithUs Brasil, Igor Sabino, critica a imprensa  por difundir, sem questionamentos, os dados divulgados pelo Hamas em relação ao número de mortos no conflito com Israel após o ataque cometido pelo grupo terrorista em território israelense no dia 7 de outubro de 2023. Leia a íntegra:

Um dos maiores desafios na cobertura de conflitos internacionais, principalmente daqueles em andamento, é a contagem dos mortos. Em muitos casos, é praticamente impossível verificar de modo independente os dados divulgados, sobretudo quando são fornecidos por um dos lados em disputa. Esse é o caso da atual guerra na Faixa de Gaza, deflagrada após o massacre realizado pelo grupo terrorista Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.   

Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, desde o início do conflito, mais de 44 mil pessoas foram mortas em virtude da guerra. Esses números, porém, não fazem distinção entre baixas civis e mortos em combate. De acordo com as Forças de Defesa de Israel, entre 17 mil e 20 mil integrantes do Hamas foram eliminados. Isso sugere que pelo menos metade das mortes divulgadas pelo grupo terrorista seria de combatentes.

Esses fatos já seriam motivos suficientes para que a mídia e organismos internacionais tivessem cautela ao noticiar as mortes na Faixa de Gaza. No entanto não é o que tem acontecido ao longo do último ano. Muito pelo contrário. Os dados fornecidos pelo Hamas têm sido amplamente difundidos pela imprensa e até por órgãos da ONU, servindo de base a uma série de graves acusações contra Israel, a exemplo da denúncia de genocídio na Corte Internacional de Justiça. O próprio presidente Lula já se baseou nesses números para afirmar falsamente que Israel mata deliberadamente mulheres e crianças na Faixa de Gaza.

Um estudo publicado pelo think tank Henry Jackson Society (HJS) no último dia 13 analisou 1.378 reportagens publicadas entre fevereiro e maio de 2024 em oito veículos de língua inglesa (CNNBBC News, The New York Times, The Washington Post, The Guardian, Associated Press, Reuters e ABC). Verificou que 98% delas usavam as informações do Hamas, com apenas 3% fazendo menção a combatentes mortos na Faixa de Gaza. Em contraste, apenas 5% dos jornais citaram os dados fornecidos pelas Forças de Defesa de Israel (IDF).

Isso é bastante grave, uma vez que mostra um viés jornalístico claro, dando mais credibilidade ao que é divulgado por um grupo terrorista que iniciou o conflito que ao país que busca se defender. O mais chocante é que nem esses jornais nem as organizações internacionais que divulgam os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza se deram ao trabalho de analisá-los. Alguns até justificam isso alegando que, em conflitos anteriores, os dados divulgados pelo órgão se mostraram confiáveis.

A pesquisa realizada pela HJS, contudo, mostra que isso não é verdade e apresenta uma série de equívocos nos dados atuais. Tanto em 2009 quanto em 2014 o Hamas inflou o número de civis mortos e diminuiu o número de combatentes, estratégia que segue usando agora. A análise dos números fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza realizada pela HJS sugere que a maior parte das baixas no conflito foi de homens entre 15 e 45 anos, faixa etária dos combatentes. Há também vários casos de homens registrados como mulheres (um deles, cujo nome era Mohammed, foi listado como mulher). Para não falar do caso de um homem de 31 anos e outro de 22, citados como crianças.

Tais exemplos são suficientes para mostrar que os dados do Hamas não são confiáveis, mas levantam também um questionamento importante: por que tantos meios de comunicação e órgãos internacionais não se deram ao trabalho de analisá-los? Por que acreditam tanto no Hamas?

*Igor Sabino é doutor em ciência política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), gerente de conteúdo da StandWithUs Brasil e pesquisador do Philos Project. É também autor do livro “Jesus, um judeu”


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