21.10.24 | Notícias 42xv
"ONU tem falhado em estabelecer a paz no Oriente Médio" 5p31z
Em artigo na Folha de S. Paulo, Igor Sabino, doutor em ciência política (UFPE) e gerente de conteúdo da StandWithUs Brasil, alerta para o fato de que as tropas das Nações Unidas no Líbano tornaram-se reféns do Hezbollah, o que motivaria a atuação em favor de atores que buscam destruir Israel. Leia a íntegra do texto:
No último domingo (13), o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para retirar as tropas da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) dos "redutos do Hezbollah e das zonas de combate".
Israel divulgou evidências da presença de túneis do Hezbollah a 100 metros de uma base da Unifil na região de Naqoura, no sul do Líbano —o que foi corroborado por imagens do think tank Alma Center e pelo jornal The Telegraph, que esteve no local.
Segundo o Estado judeu, a Unifil tornou-se refém do Hezbollah; o que não é de surpreender, uma vez que a atual escalada dos conflitos na região é a maior prova da falha da missão de paz da ONU.
Estabelecida em 1978 pelo Conselho de Segurança da ONU durante a guerra civil libanesa (1975-1990), um dos principais objetivos da Unifil é manter a paz na fronteira entre Israel e o Líbano. A partir de 2006, isso ou a significar também, segundo a resolução 1.701 do próprio Conselho de Segurança, ser a única força armada na região, com a desmilitarização total do Hezbollah.
Desde o massacre de 7 de outubro, realizado pelo Hamas no sul israelense, contudo, o Hezbollah fez mais de 3.000 ataques contra Israel. Isso ocasionou o deslocamento forçado de quase 80 mil israelenses e resultou na morte de mais de 40 pessoas. Entre elas, 12 crianças drusas da vila de Majdal Shams, mortas enquanto jogavam futebol. Esse número seria muito maior se não fossem os sistemas de defesa israelenses. Após quase um ano de agressões contínuas, foi isso o que levou as Forças de Defesa de Israel a realizarem uma incursão terrestre no Líbano.
Se a Unifil fosse capaz de cumprir o seu papel, nada disso teria acontecido. Bastava a Resolução 1701 do Conselho de Segurança ser obedecida e o grupo terrorista libanês desarmado. Isso levaria as tropas israelenses a saírem do Líbano e uma nova zona tampão poderia ser estabelecida na fronteira. O fato de a guerra ter escalado tanto mostra a falência da ONU em agir como mediadora da paz.
Uma provável razão para isso talvez tenha sido o fato de que a organização permitiu que seus principais órgãos se tornassem um verdadeiro palanque para atores contrários à existência de Israel promoverem sua agenda. Isso é visto claramente na Assembleia Geral da ONU, onde desde 2015 o Estado judeu foi alvo de 115 resoluções condenatórias —ante 70 que foram aprovadas contra todos os demais países do mundo, incluindo ditaduras como Rússia e China.
A maior evidência de que a ONU se tornou um empecilho, e não uma promotora da paz no Oriente Médio, é a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente), a agência para refugiados palestinos. De acordo com o The Wall Street Journal, pelo menos 12 funcionários da organização participaram do massacre realizado pelo Hamas em Israel no dia 7 de outubro e cerca de 1.200 dos empregados pela UNRWA na Faixa de Gaza possuem algum tipo de ligação com os grupos terroristas palestinos, como o Hamas e a Jihad Islâmica. Após denúncias feitas por Israel, a própria ONU demitiu nove funcionários da UNRWA em virtude disso.
Hoje muito se cobra que Israel siga o direito e as normas que regem a sociedade internacional. A própria conduta da ONU, no entanto, mostra o quanto que a presente ordem internacional tem falhado, aplicando ao Estado judeu um padrão que não impõe a nenhum outro país. A mesma instituição que, em 1948, foi essencial para a criação de Israel, na prática hoje atua em favor dos atores que buscam destruir o país.