19.07.23 | Brasil 6c742
“Assumi a liderança comunitária com o objetivo de manter viva a chama do judaísmo nesse estado promissor”, diz presidente do Comitê Israelita do Amapá j491b
Samuel Benchaya, presidente do Comitê Israelita do Amapá, conta como é vida dos judeus no estado e fala com entusiasmo e emoção sobre as conquistas de sua gestão, com a aquisição de uma sede própria, com a expectativa de realização, no dia 30 de agosto, do Primeiro Seminário Israelita do Amapá, a criação do Dia Estadual da Religião Judaica e a previsão de inauguração, no dia 12 de janeiro, de uma praça que irá se chamar Estado de Israel e que terá em seu centro uma Menorá gigante e luminosa.
A comunidade do Amapá
Os judeus do Amapá aram muitos anos ‘abandonados’. Isso porque o Amapá perdeu muitos judeus quando se emancipou. Antes o estado era um município do Pará. Mas eu assumi com a proposta de manter a chama viva do judaísmo nesse estado promissor, principalmente pela grandeza dos judeus que temos aqui, com famílias tradicionalíssimas. A partir da definição dessa meta, começamos o trabalho. O nosso objetivo principal era conseguir que os judeus, mesmo não frequentando a esnoga (sinagoga), praticassem o judaísmo, através da realização em suas casas do kidush, do Cabalat Shabat. E isso nós temos conseguido.
Temos um membro de nossa comunidade que é funcionário do IBGE e o último censo registrou a existência de 150 famílias judias aqui. Mas isso, infelizmente, não é verdade. O que acontece é que aqui há muitos simpatizantes do judaísmo e, quando são perguntados sobre a sua religião, eles dizem que são judeus.
Antissemitismo
A orientação que nos foi ada (pela CONIB) é de que devemos tomar conhecimento dos fatos, quando há qualquer manifestação de antissemitismo, e encaminhar à CONIB. Nós tivemos um caso envolvendo uma pessoa de uma família influente na política local e encaminhamos à CONIB que tomou as providências necessárias. Também tivemos o caso de um professor que usou símbolos e alegorias nazistas durante uma aula na universidade. Nesse caso, também adotamos o mesmo procedimento e o professor foi punido. Esses dois casos foram os mais expressivos que aconteceram aqui.
Trajetória comunitária
Quando eu vim para Macapá para fundar um órgão de arrecadação de tributos federais, eu estava sendo preparado para ser grão mestre da Grande Loja Maçônica do Pará, porque eu já havia ocupado todos os cargos e o último que ocupei foi de grande chanceler das Ralações Exteriores e, na época, eu era representante do Estado de Israel. E foi assim que começou a minha trajetória na vida comunitária.
Conquistas
Hoje temos a nossa sede própria, adquirida em 2020, e no próximo dia 30 de agosto teremos o Primeiro Seminário Israelita do Amapá. O evento será realizado em nossa sede, contígua à esnoga, e eu vou receber representantes de outras religiões em nosso templo. Que coisa linda! Essa conquista me emociona!
Aqui nós temos curso permanente de bar-mitzvá. Fazemos questão de manter isso, porque são os jovens que darão continuidade à prática do judaísmo. E todas as terças-feiras temos o estudo da Torá, que é a nossa lei. A nossa sede funciona numa residência, onde também funciona a nossa sinagoga. E, como todos os judeus daqui são de origem marroquina, o tema de nossa esnoga também é marroquino. Outra conquista: tivemos recentemente o primeiro brit-milá em nossa sinagoga, um momento histórico na nossa comunidade. Outro momento importante aconteceu no mês ado, em junho, quando foi realizado o primeiro bar-mitzvá, do Felipe, da família Bentes.
Outro acontecimento importante foi a visita de Israel Blajberg, da Kehilá do Rio de Janeiro e presidente da Academia de História Militar, que nos presenteou com uma palestra sobre o seu livro Estrela de David no Cruzeiro do Sul, que conta a história dos judeus militares brasileiros. Também recebemos em nossa sinagoga o comandante Vinicius, que chefia uma unidade do Exército aqui e também é uma autoridade maçônica. Também temos recebido representantes e autoridades de outras religiões. Esses acontecimentos aqui são importantes e servem para nos dar visibilidade. É também o reconhecimento de nosso espaço físico, onde praticamos o judaísmo. E isso responde à pergunta que muitas vezes ouvimos: “Tem judeu no Amapá?”
Outra conquista importante: foi instituído o Dia Estadual da Religião Judaica. E esse dia é o 12 de Janeiro, mês em que se celebra, no dia 27, a data internacional em memória às vítimas do Holocausto.
Outra conquista, que está em articulação com a prefeitura, é a inauguração, prevista para 12 de janeiro, de uma praça que irá se chamar Estado de Israel e que terá em seu centro uma Menorá gigante e luminosa.
Mensagem
O nosso foco principal são os jovens, que representam a esperança de continuidade do judaísmo. A minha mensagem a eles é para que não percam esse vínculo com o judaísmo. Por isso, estamos tentando trazer para o nosso convívio até mesmo os jovens que estão se relacionando com pessoas de outras religiões. Isso, para não perdermos os nossos e tentar fazer com que outros se agreguem a nós.